METAMORFOSE ADIADA
Ser oscilante entre a arte de pensar e o sentir errante, meu eu se divide entre o que-já-se-foi e o vir-a-ser.
Esse amálgama de passado e futuro não me permite entender a razão do presente.
Minha vida é um permutar-se de sensações e pensamentos desconexos;
é um acúmulo de dúvidas quanto ao futuro.
Algo em mim insiste em mudar; um outro quer ficar como é.
Assim, a metamorfose é desejada, mas sempre adiada.
Quando ensaio um voo condoreiro, parte de mim retém-me no bueiro.
Durante a luta de ambos os seres que em mim pugnam por imperar, contento-me em contemplar os lírios dos pântanos. Sou um lírio, cujas raízes estão afundadas nos pântanos da vida.
Invejo a vida dos pássaros. Penso no prazer de voar além dos grilhões, que são próprios dos humanos. Recolho-me à minha impotência.
Adelson Sobrinho
Professor da Universidade Federal do Ceará
(Português / Italiano / Esperanto)
Este belo e profundo texto poético mostra a profundidade do ser que todos conhecemos na superficialidade.
ResponderExcluirParabéns, que Deus te abençoe.
Marisa